Entrevista con GeoLatinas: Josué Millán. Das montanhas e dos vales até os oceanos Por Angelique Rosa Marín Traduzido por João Victor Bezerra de Arruda Editado por Daniela Navarro & Mónica Alejandra Gómez Correa Uma prévia de quem é Josué Millán Josué Milán é um jovem de Caguas, Porto Rico. Desde o início de sua carreira como cientista, Josué procurou dedicar-se ao estudo de diferentes disciplinas enquanto cursava graduação na Universidade de Porto Rico, Campus Mayaguez (UPRM). Depois de ter iniciado seu bacharelado em biotecnologia industrial, conforme o tempo passava, ele percebeu que o currículo de seu programa não era interdisciplinar o bastante para ele. Tal currículo não satisfazia aos interesses pelos quais este jovem era apaixonado. Havia mais a ser explorado! Um dia, enquanto andava pelo campus, a caminho para enviar um fax, o “cagüeño” (gentílico da cidade de Caguas) se deparou com um panfleto que dizia “Astrobiologia.” Aquilo rapidamente chamo sua atenção, e ele se perguntou: “Astrobiologia? O que é isso?” Sua grande curiosidade, qualidade característica dele, foi o que ajudou-o a decidir continuar explorando outros horizontes. Com uma mente aberta e determinado a achar sua vocação, Josué decidiu pedir transferência para o programa de Microbiologia Industrial. Naquela época, esse era o programa que mais englobava tópicos relacionados à Astrobiologia em sua universidade. Lá, ele encontrou a combinação de duas das matérias mais importantes e interessantes para ele: Microbiologia e Geologia. Depois de se formar em Microbiologia Industrial na UPRM, em 2012, o jovem procurou por oportunidades para começar seu curso de pós-graduação. A pressão devido à falta de opções na ilha era (e continua sendo) um fator determinante para pós-graduandos. Contudo, uma chance de realizar um mestrado em Oceanografia Biológica na UPRM surgiu para Josué, e mesmo com um certo nível de incerteza, ele se aproveitou dela. Durante seu curso de pós-graduação, Josué descobriu termos como “cocolitóforos” e “mudança climática.” Mais uma vez, tais palavras chamaram sua atenção e despertaram a curiosidade do “cagüeño”. Seguindo seu instinto, o Porto-riquenho das montanhas começou a se aprofundar no estudo desses tópicos. Nesse período, ele conheceu um professor do seu campus universitário que parecia uma ótima pessoa para orientar seu projeto de tese. Millán percebeu que os cocolitóforos, a relação deles com mudança climática, e os ecossistemas marinhos permitaram-no combinar diferentes tópicos em seus estudos, tornando seu trabalho científico o mais interdisciplinar possível, mesmo que ele tivesse um pé atrás com o oceano. Finalmente, o “cagüeño” havia encontrado sua vocação! Falta de oportunidades em Porto Rico Muitos obstáculos obstruíram o caminho de Millán durante seu mestrado. A falta de assistência financeira para o desenvolvimento de seus projetos de pesquisa em muito impactou o avanço de seu trabalho. Josué logo começou a trabalhar em um mercado. Ao mesmo tempo, ele estudava e pesquisava, tudo para conseguir ter dinheiro para se sustentar dia após dia. Por um bom tempo, ele precisou dirigir duas horas (ida e volta) para outros laboratórios da UPR com a finalidade de trabalhar com suas amostras, já que os recursos para completar sua análise eram escassos. “Algo muito comum em Porto Rico”, Josué diz. Sempre focado e determinado a alcançar seus objetivos, ele percorria quase toda a ilha para atender às suas necessidades pessoais e acadêmicas. Com todas as variáveis que Josué teve que enfrentar, Millán viu-se em um período marcado por muita pressão e incerteza. Esses sentimentos eram agravados em grande parte devido aos problemas políticos que afetavam a ilha. Naquela época, os fundos da UPR haviam sido congelados devido à ineficaz administração do governo. Isso causou uma tensão financeira para a instituição, o que comprometeu a responsabilidade educacional dela perante seus estudantes. Consequentemente, a UPR ficou paralisada por bastante tempo, pois seus alunos e funcionários entraram em greve em todos os campi para pedir pelo fim dos cortes no fundo da universidade. Tendo sido vítima da negligência da administração da ilha, Josué tem um importante papel em ações ativistas promovidas em solidariedade a outros estudantes, docentes, e ao país. Neste contexto, não foram apenas os estudantes que foram afetados. O orientador da tese de Josué decidiu assumir uma posição no corpo docente da Indiana State University. Infelizmente, isso foi crucial para que o desempenho do Porto-riquenho fosse afetado. Em suma, após três anos de altos, baixos, e muito esforço, Josué teve que abandonar sua pós-graduação. É então que este resiliente jovem retorna à sua cidade-natal, Caguas. No processo de mudança, Josué encontra um trabalho no “Centro de Ciencias y Technologia”, onde seu desempenho é excepcional. Reconhecendo o trabalho “classe A” que Josué forneceu à empresa, sua chefe o informa da possibilidade dele fazer um doutorado em Georgia Tech. Ela havia completado seu doutorado na mesma instituição. Sua chefe estava à procura de alguém com conhecimento prévio em microbiologia para continuar um projeto que ela havia começado envolvendo microrganismos em nuvens. Além disso, o jovem tinha agora a oportunidade de continuar sua pós-graduação em Georgia Tech. Ademais, ele também tinha a chance de estudar microrganismos da zona polar no Arizona. Contudo, o ativista decidiu continuar explorando suas opções e acabou candidatando-se à Georgia Tech. No processo de candidatura, ele contatou seu ex-orientador para pedi-lo uma carta de recomendação. Para sua surpresa, o ex-orientador acabou mencionando a possibilidade de Josué se candidatar para um programa de doutorado na Indiana State University, onde o jovem poderia trabalhar sob sua orientação e continuar o projeto de pesquisa que eles haviam começado anos atrás na UPRM. Millán então decide se candidatar para o programa de Ciências da Terra e do Espaço na Indiana State University, onde trabalharia com seu antigo orientador. Por um momento, a utopia de Josué estava tomando forma. Ele sempre desejou participar de um currículo interdisciplinar como aquele, além de desejar trabalhar com uma pessoa que tivesse um interesse similar nesses tópicos. Atualmente, ele está em seu quarto ano como estudante de doutorado na Indiana State University, sob a supervisão de seu antigo orientador. Ele já finalizou seus cursos e passou em todos os exames qualificatórios, o que significa que, de agora em diante, podemos chamá-lo de Josué Millán, o Candidato a Ph.D. Vivendo na Indiana, o “cagüeño” já superou outros desafios, agora como um homem que faz parte da comunidade LGBTQ+ e também como o primeiro estudante Latino de seu departamento. Contudo, esses não têm sido os seus principais obstáculos. Pelo contrário, tais fatores despertaram no jovem um interesse em ser uma voz ativa na luta por igualdade de gênero no mundo da ciência. Com isso em mente, Josué tem se envolvido na inserção de minorias em seu departamento. Ele se envolveu em iniciativas que vêm ajudando-o a continuar seu trabalho e missão, tanto como cientista, como quanto pessoa. Como ele participa do GeoLatinas? Visando aumentar a visibilidade dessas minorias no âmbito profissional, Josué assumiu o dever de encontrar melhores caminhos para completar sua missão. Devido a sua participação em um workshop no qual ele explicou a importância do uso de redes sociais na comunidade científica, o “cagüeño” passou a utilizar as mídias sociais como um método de comunicação e como uma ferramenta para diversificar a comunidade científica. De todas as redes sociais disponíveis, ele decidiu criar uma conta no Twitter, o que lhe deu poder para engajar com a comunidade científica e interagir diretamente com seus seguidores. Usando o Twitter como uma ferramenta para recrutar minorias, ele se deparou com uma dos co-fundadoras do GeoLatinas, Dra. Rocio Caballero-Gill, que compartilhou alguns “tweets” publicados por Josué. E foi assim que Millán começou a se envolver com o GeoLatinas. Josué Millán se torna um membro do GeoLatinas! Essa foi uma oportunidade excelente para utilizar a organização como veículo para intensificar as ações de Josué e incrementar o número de mulheres latinas em seu departamento. Extremamente consciente da situação atual das minorias no mundo científico e acadêmico, Josué queria ter certeza de que iria encontrar uma mulher qualificada para o posto, visando evitar dúvidas em sua universidade pelo simples fato dela ser mulher ou por querer “completar cotas” de diversidade em seu departamento. Seu objetivo era que não houvesse dúvida de que qualquer pessoa que fosse escolhida havia sido selecionada com base em suas habilidades como cientista. A partir disso, podemos perceber como a população Latina sempre tem algo a mais a provar, pelo simples fato de sermos quem somos. O que é mais incrível sobre Josué é que ele entende a desigualdade social contemporânea e a diferença de oportunidades entre homens e mulheres no mundo das geociências. Portanto, ele apoia organizações como o GeoLatinas; compartilhar é conhecimento, tempo e energia para diversificar a disciplina. Ele está ciente de que ser Latino na área das geociências é desafiador por si só. Entretanto, ele diz, “Imagine, ainda, se você for uma mulher…”. Com isso em mente, o “cagüeño” motivou-se a socializar, persuadir, conservar, informar, educar, encontrar e reconhecer talentos científicos Latinos. E no atual dia, Josué Millán é considerado o agente facilitador e recrutador do GeoLatinas. Durante o seu doutorado, Josué passou por circunstâncias complicadas. Os desafios que o Porto-riquenho enfrenta pelo simples de fato de ser quem ele é, um ser humano único, têm sido um fator que comprometem seu bem-estar e suas oportunidades profissionais. Contudo, o GeoLatinas tem atuado como um guia e apoio para que ele possa superar todas as dificuldades. Mais do que isso, o GeoLatinas serve de refúgio para Josué. Foi onde ele encontrou pessoas com quem ele pode contar, confraternizar, e simpatizar. Como parte da organização por um ano e meio (e contando), Millán reconhece que o GeoLatinas é uma comunidade onde o apoio que você recebe dos membros é incondicional, tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Seu sentimento de pertencimento aumenta mais e mais quando ele se vê rodeado de GeoLatinxs, onde sempre que você expõe uma nova ideia que você quer fazer, a resposta é: “Sim, e…?”, “Como iremos fazer isso?”. No GeoLatinas, “Você entra e não há volta…” Millán brinca. Ele reconhece que a estrutura circular da organização promove muitas oportunidades de crescimento, possibilitando a prática e desenvolvimento de habilidades essenciais para cientistas. Por exemplo, liderança, comunicação, e colaboração científica. O GeoLatinas é uma organização virtual, onde nós trabalhamos sem fronteiras, somos internacionais, oferecemos a oportunidades de sempre “levar a organização com você…” expressa o Porto-riquenho. Além disso, Josué sente que o GeoLatinas lhe deu espaço para pôr em prática sua missão de procurar por igualdade de gênero e de raça no mundo acadêmico. Até porque ele acredita que: “Nós também temos que ter voz dentro de nossa própria comunidade.” As iniciativas do GeoLatinas que Josué julga essenciais no seu dia-a-dia são, por exemplo, a reunião semanal para dizer “Olá!”. Como parte da iniciativa de bem-estar, toda Quinta-Feira, nós separamos um momento para socializar e ver como os membros estão durante a semana. Ademais, ele gosta dos boletins informativos que são criados a cada quatro meses. Nesses boletins, nós destacamos as conquistas de nossos membros, novas iniciativas, experiências, participação em eventos e conferências, e muito mais. O “cagüeño” reconhece que receber e ler o boletim informativo é motivador e inspirador para ele. O boletim dá a ele uma ideia das coisas recentes que a organização fez, e ele finaliza a leitura de cada com muito entusiasmo e esperança. Josué pergunta a si mesmo: O que será do GeoLatinas em cinco anos? Nós queremos mais “cagueños” como Josué Provando que nada é impossível, se você é apaixonado pelo que faz e tem seus objetivos bem estabelecidos, Josué Millán é um exemplo de superação das adversidades. Este jovem das montanhas nos dá um exemplo das injustiças que o sistema faz nós Latinas experimentarmos, e que nos impede de alcançar nossos sonhos. Nós precisamos de mais humanos como Josué Millán na sociedade.
2 Comments
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29/9/2022 05:52:16 am
Buenos días señor / señora,
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Oferta de Prestamo Urgente
29/9/2022 05:52:21 am
Buenos días señor / señora,
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